A organização familiar é o terreno fértil para plantar a semente que carrega o potencial empreeendedor. Ser empreendedor é ter iniciativa, foco em resultados, persistência, capacidade de buscar conhecimento, correr riscos calculados e comprometer-se com a vida e o que acontece ao seu redor, mas é importante saber onde começa brotar a semente do empreender, o terreno inicial e a organização familiar.
A família começa geralmente com duas pessoas que trazem em suas bagagens emocionais crenças e valores adquiridos em suas relações vinculares e assim se forma o casal. Quando pensam em ter filhos, fazendo assim o registro da família, idealizam ter filhos inteligentes, bem resolvido e autônomos e muitas vezes têm a esperança que este filho venha a resolver suas fragilidades, mas não têm clareza de que a busca deste ideal pensado tem a ver com o jeito como lidam com as próprias fragilidades não resolvidas, desta forma suas crencas e valores recebem este novo componente. Portanto, cada um vem para esta nova organização com o seu ideário do que é ser um membro de organização e que organização é esta que vai formar.
O diálogo entre os componentes sobre o que significa pertencer, quais as tarefas que terá que desempenhar e quais as suas responsabilidade no sistema familiar e de fundamental importância para compreender as diferenças e lidar com elas criando um vínculo afetivo de qualidade. “A família é a primeira organização social onde os membros se organizam no sentido de lidar com seus temores e ansiedades protejendo-se, pela organização que criam e perpetuam, dos perigos de fragmentação e destruição advindos tanto de seu próprio interior quanto de fora dela” (Mayer Luis). Partindo desta idéia de Mayer, a missão da família é auxiliar os indivíduos que a compõe na travessia de uma situação de dependência absoluta para uma gradativa autonomia, sendo a organização familiar a base segura, com os pais apoioando e orientando a condição necessária para que os filhos venham a desenvolver o potencial empreendedor, tornando-os seres autônomos e interdependentes.
Criar empreendedores é uma tarefa da família, da mesma forma como um cultivador acredita no potencial de sua semente e utiliza-se de sabedoria para a escolha do terreno, observando e respeitando as caracteristicas e o tempo certo para o plantio. O que se quer dizer com isso? Crer no potencial da semente é observar seu filho, incentivando-o a testar suas compentências e lidar com suas frustrações, tentando de novas maneiras até obter o melhor de si, tendo a segurança do apoio do cultivador que com amor e sabedoria dá o suporte necessário em cada fase. Além disso é essencial escolher o terreno e pesquisar com quais outras organizações a família se identifica.
É importante que os pais oportunizem um conhecimento amplo de outras realidades focando e possibilitando a reflexão para escolhas de caminhos e tomadas de decisão, observando as características e o tempo, além de considerar que cada pessoa poderá fazer coisas que estejam de acordo com seu perfil e com sua maturidade. A supervisão dos pais sincronizados, criando um ambiente de respeito a novas visões, requer qualidade de tempo e consciência de que ser pai e mãe é mão de obra que não pode ser tercerizada, mas podem os pais buscar assessoria para assegurar que esta semente transforme-se e venha a se tornar o melhor dela. Sendo um cultivador atento saberá quando a semente deve ser banhada pelo desejo da transformação e observar a cada estação qual a atitude de cuidado necessários para que possa crescer e dar bons frutos. O desejo é o que move o ser na busca do tornar-se, portanto, quando os pais dão aos seus filhos tudo o que eles pedem, a fonte do desejo seca e o potencial tende a murchar e morrer.
Esta idéia emprestada da observação da natureza para entender o ser humano e sua dinâmica de transformação, facilita a compreensão de interdependência e de cuidado que os pais necessitam ter para auxiliar seus filhos a crescer e tornar-se empreendedores. Ter consciência é tornar claro através do diálogo e das atitudes o que esta organização tem como valores, sendo os pais com seu agir no mundo, exemplo a ser seguido, o que os torna parceiros de caminhada na viajem que é a vida. Deste modo, o verbo tem peso, mas as atitudes coerentes peso muito maior. “Ensina a criança no caminho em que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele” (Provérbios 22:6.)
Assim sendo, vamos cultivar este empreendedor e procurando identificá-lo nas organizações empresariais, dando continuidade à obra que se iniciou na família, tornando-se cultivador de sementes que darão bons frutos na comunidade e semente para as novas gerações e, assim como na natureza, dando início a um novo ciclo. O empreendedor é a pessoa que tem esta visão ampla e acredita nela, entendendo que a idéia da impossibilidade, dita pelos outros, é apenas uma opinião, como afirma o filósofo e educador Mario Sergio Cortela, em sua palestra da Conexão Empresarial.
Psicóloga – Terapeuta Familiar e de Casal
Noemi Paulina Cappellesso Finkler
CRP 08/03539
Psicóloga – Terapeuta Familiar e de Casal
Elisa Mara Ribeiro da Silva
CRP 08/03543