A Formação de um caráter “reto” em pessoas com visão global e com espírito coletivo, possibilita fazer escolhas conscientes e tomar atitudes que estejam de acordo com valores vividos no primeiro grupo social de qualquer ser humano, que é a família. Se a vida se dá em um palco, os pais hora são os câmeras man, hora são os atores. Quando são câmeras man carregam um foco de luz e iluminam o lugar que o filho, enquanto espectador, vai olhar. A intensidade de luz vai depender de quanto os pais também valorizam o que estão focando, para que sejam introjetados valores que vão contribuir para construir a estrutura de personalidade de seus filhos. Quando os pais viram os atores estarão também sendo modelos que influenciam. Portanto, estamos educando com nossas atitudes o olhar dos filhos e a formação de seu caráter.
Esta reflexão se torna útil nesta época do ano, em que nossos olhares se voltam para as compras de Natal, que incluem presentes para familiares e amigos. Este é um período em que os comerciantes se preparam para ter uma colheita farta através das vendas, por esta razão as vitrines ficam mais coloridas e bonitas mexendo com o desejo do consumidor e o sentimento de que será mais feliz se adquirir aquele produto. Quem de nós muitas vezes nem pensou em comprar, mas, movidos pelo impulso gerado pela visão das cores nas vitrines e pelo entra e sai de pessoas com pacotes, dando a falsa impressão que tudo está barato e fácil de adquirir, colocando o brilho em nossos olhos, somos impulsionados à ação imediata da satisfação do desejo. Muitas vezes nem percebemos que no barato também está imbutida a baixa qualidade a ilegalidade, o descaminho e a produção de lixo. Será que nosso consumo é consciente??? Vamos pensar no nosso papel de pais como câmeras man e como atores; se participamos de caravanas em direção ao País vizinho e, estando lá, nosso foco ilumina com muita intensidade, mexendo com o desejo dos filhos de consumir, não olhando se estamos dentro da cota, se os produtos podem ser comercializados para o Brasil ou se não declaramos bagagem. Será que refletimos como tais produtos são vendidos tão barato? Ou quem está pagando, muitas vezes com seu trabalho em condição desumana e ilegal, para que satisfaçamos nossos desejos consumistas? Como pretendemos que nossos filhos tenham um caráter “reto”, uma visão global e um espírito coletivo e humanitário? Por outro lado, também os comerciantes que aqui estão pagam seus impostos, cuja função social é melhorar a qualidade de vida da população (saúde, educação, saneamento etc.), não conseguem concorrer com estes produtos que vem de fora. A população, ao não pensar no coletivo, mas tão somente nas vantagens pessoais de gastar menos e comprar mais, parece não se dar conta de sua responsabilidade em criar filhos capazes de refletir. Pois você, como câmera man, não reflete, portanto, foca em qualquer direção para a qual seu desejo levar e, como modelo, não se dá conta do quanto suas ações contribuem para influenciar o olhar de seus filhos, pois, ao ir ao país vizinho, as famílias levam seus filhos para comprar todo o tipo de novidades, os quais muitas vezes, recebem seus presentes antes do tempo, os quais em alguns casos, até o dia de Natal já virou sucata, criando assim mais lixo para o planeta. Este tipo de atitude é uma forma de desperdiçar a aportunidade de fazer com que o filho passe pela espera, o que gera emoção, tão importante para a vida de pessoas estruturadas que vão, no futuro, poder esperar e escolher o melhor para si e para o coletivo. Deste modo, esta coisa que parece tão inocente, pode influenciar a ação de seu filho na construção de seu futuro e da sociedade em que viverá, sendo empresário no futuro.
Minha intenção com este artigo, é fazer com que as famílias reflitam sobre as suas atitudes e sobre as influências que seu agir tem sobre a formação do novo ser. Desejo a todos boas compras e feliz Natal!
Psicóloga – Terapeuta Familiar e de Casal
Noemi Paulina Cappellesso Finkler
CRP 08/03539
Psicóloga – Terapeuta Familiar e de Casal
Elisa Mara Ribeiro da Silva
CRP 08/03543